O Folar de Olhão é o folar que me acompanha desde sempre! Cresci a ver a minha avó Juliana a fazer folares na Páscoa, pensando eu que era tão fácil, pois ela fazia tudo parecer tão fácil, amassava à mão folares para todos nós. Não querendo mentir, a minha avó fazia mais de 10 folares de cada vez, todos de tamanhos diferentes, cozidos em tachos de alumínio. Na hora de os cozer, lá íamos nós com os tachos na mala do carro, para os cozer nos fornos das fábricas do pão de Olhão. Uns anos íamos à Aliança, noutros aos ‘Mau-maus’. Dependia de quem ia ter os fornos ligados e disponibilidade para nos receber. Só depois de ‘crescida’ comecei a dar valor a tudo isto, ao que marca a minha história de vida. Coisas que eram tão tidas como minhas, que na altura não lhes dava a devida importância. Ontem fiz três folares. Amassei-os na batedeira, cozi-os no forno aqui de casa, tudo muito diferente, mas ajustado à realidade dos nossos dias e que espero que daqui a uns anos, a minha filha dê o devido valor. O Folar de Olhão, para quem não conhece, é um folar doce, feito em camadas, com uma mistura ainda mais doce pelo meio. Em 2019 eleito como uma das 7 Maravilhas Doces de Portugal. Existem diversas receitas, a que aqui hoje vos trago, é a receita como a minha avó o fazia. Quando à forma, continuo a fazer a forma tradicional, embora nos últimos anos, tenha visto que começaram a fazer o folar enrolado, são opções que respeito e até gosto, tanto que fiz um deles assim. Creio que na cozinha há sempre lugar para todos, sempre com respeito mútuo.