Começar a fazer pão com fermento natural foi mais difícil do que eu esperava. Habituada a fazer pão sem qualquer planeamento, tive que me adaptar às circunstâncias e agora já consigo planear todo o processo.
Para fazer pão com fermento natural, depois de já ter a massa mãe, são necessários pelo menos dois dias. O primeiro dia para ‘alimentar’ a massa mãe e obter o fermento, deixando-o crescer até ao ponto de o poder utilizar, o que por norma, nunca acontece antes de passarem 12 horas. No segundo dia, ou passadas as 12 horas, Junta-se a farinha com a água, para fazer a autólise e só depois se junta o fermento e o sal, por etapas.
A partir daqui começa todo um processo de amassar que também é demorado, não basta amassar e cozer. Aqui dobra-se, dá-se voltas, molda-se, deixa-se descansar no frio, faz-se cortes na massa e só depois se leva ao forno. E com tudo isto já se passaram 24 horas.
Por isso, pense bem antes de decidir que quer fazer este tipo de pão. Não é um pão que se faça num abrir e fechar de olhos. Apesar de tudo, não trocava este pão por nenhum outro que possamos fazer em casa. Quando não conhecemos até hesitamos, mas depois não há volta a dar, Pão com Fermento Natural, sempre!
O processo de construção do meu primeiro fermento durou 7 dias, 7 dias em que segui rigorosamente os passos que encontrei no excelente guia que a Helena Gonçalves partilhou no seu blog Tentações sobre a mesa. Posteriormente voltei a fazer fermento, que ficou pronto em 5 dias e posso dizer que a Ju quis experimentar e conseguiu ativar o seu fermento, em 4 dias.
O fator determinante para iniciar um fermento é a qualidade dos ingredientes que usamos. Nada de especial, diga-se, mas que se não for com as características que a seguir descrevo, podem levar a alguns falhanços. Eu falhei três vezes antes de conseguir o meu primeiro fermento!
Farinha e água, estes são os ingredientes para fazer o fermento. Farinha de Centeio Integral Biológica e água mineral engarrafada, ambos à venda no supermercado.
O meio ambiente, também ele é um fator que contribui para o desenvolvimento do fermento. Com temperaturas mais altas, tende a ser mais rápido.
Convém também dizer que se pode fazer este tipo de pão com diversos tipos de farinha, trigo, centeio, espelta, alfarroba, o que a imaginação e o paladar o permitam. Claro que a farinha deve ser sempre de qualidade, de preferência biológica, embora eu não cumpra a rigor.
Também é possível fazer pão de sabores, beterraba, curcuma, alho, etc., é só dar asas à imaginação.
Quanto ao equipamento que é necessário, para quem gosta, podemos sempre inventar e ter um sem número de acessórios. Eu já tenho alguns!
Para mim, a batedeira é indispensável. São 10 minutos de sova que dou à massa, sem me cansar. Claro que há quem amasse sempre à mão, eu fi-lo apenas uma vez e não fiquei fã. Ter cestos para que a massa descanse é importante, assim como panela de ferro para o cozer. Faremos um post inteiramente dedicado aos utensílios necessários.
Aqui na Cozinha a la Carte, temos uma secção dedicada a este tema, que embora ainda esteja em construção, estamos empenhados em fazer dela um repositório de receitas e experiências que vamos fazendo e aprendendo, desde o fermento à cozedura do pão.
Não podia terminar este post sem mencionar um grupo no facebook no qual estou presente e que tem sido o meu maior apoio neste tema. Pessoas simpáticas e principalmente muito acessíveis e disponíveis. Um sítio onde partilhamos as nossas receitas e respetivas fotografias, assim como as nossas conquistas e falhanços e onde contamos com um administrador, prontamente disponível e que me tem ensinado muito. Obrigada Carlos Espiguinha. Visitem o grupo Padeiras Amadores do FB.
Será que vai ter coragem de arriscar e experimentar fazer pão com Fermento Natural?